- Vem cá, Dindondonzinho...
- Hã?
- Vem cá!
- Você me chamou de quê?
- Dindondonzinho, ora.
- Mas o que é um Dindondonzinho?
- É seu apelido! Todo casal adota apelidos e como a gente não tem ainda, resolvi te chamar assim!
- Mas, Dindondonzinho?
- O que é que tem?
- Você não acha, meio...
- Meio o quê?
- Sei lá, meio musical demais. Tem outra coisa não?
- Tem não! É Dindondonzinho e pronto. Pior é você que nunca me deu um apelido.
- Como não? Vivo te chamando de "amor".
- "Amor" é muito comum, não acha? Vamos fazer um exercício: quando você lembra de mim quando está só em casa, o que te vem à cabeça?
- Sei lá! Sua bunda?
- Como é que é? Quando lembra de mim, a imagem a qual você me associa é da minha bunda?
- Olha, vamos parar com essa discussão!
- Não, Dindondonzinho. Isto não está certo!
- A gente está discutindo por besteira.
- Não é besteira. Todo casal tem e exijo que você me dê um apelido!
- Mas, mas...
- Quer saber de uma coisa, Dindondonzinho? Tô fora!
- Como assim fora?
- Não quero mais saber de você. Associar a minha imagem somente à minha bunda? Onde já se viu? Por isso que nosso relacionamento tá uma...
- Não ouse completar.
- Mas você entendeu. Sem apelido não há como continuarmos juntos.
- Meu bem, senta aqui!
- Ah, agora eu sou seu "bem". Também simples demais. Você é um insensível, sem coração, nem criatividade você consegue desenvolver para me colocar um apelidozinho.
- Dindondonzinha, vamos conversar!
- Você me chamou de quê?
- Dindondonzinha, ora. Se eu sou o seu Dindondonzinho você é minha Dindondonzinha.
- Ridículo! Patético! Insensível!
- O que é isso?
- Seus novos apelidos! Tchau! (E saiu batendo forte a porta).
Mais tarde, sentado e sozinho, pensei:
- Dindondonzinho? Muito musical!