sábado, 14 de janeiro de 2012

Apelidos

- Vem cá, Dindondonzinho...

- Hã?

- Vem cá!

- Você me chamou de quê?

- Dindondonzinho, ora.

- Mas o que é um Dindondonzinho?

- É seu apelido! Todo casal adota apelidos e como a gente não tem ainda, resolvi te chamar assim!

- Mas, Dindondonzinho?

- O que é que tem?

- Você não acha, meio...

- Meio o quê?

- Sei lá, meio musical demais. Tem outra coisa não?

- Tem não! É Dindondonzinho e pronto. Pior é você que nunca me deu um apelido.

- Como não? Vivo te chamando de "amor".

- "Amor" é muito comum, não acha? Vamos fazer um exercício: quando você lembra de mim quando está só em casa, o que te vem à cabeça?

- Sei lá! Sua bunda?

- Como é que é? Quando lembra de mim, a imagem a qual você me associa é da minha bunda?

- Olha, vamos parar com essa discussão!

- Não, Dindondonzinho. Isto não está certo!

- A gente está discutindo por besteira.

- Não é besteira. Todo casal tem e exijo que você me dê um apelido!

- Mas, mas...

- Quer saber de uma coisa, Dindondonzinho? Tô fora!

- Como assim fora?

- Não quero mais saber de você. Associar a minha imagem somente à minha bunda? Onde já se viu? Por isso que nosso relacionamento tá uma...

- Não ouse completar.

- Mas você entendeu. Sem apelido não há como continuarmos juntos.

- Meu bem, senta aqui!

- Ah, agora eu sou seu "bem". Também simples demais. Você é um insensível, sem coração, nem criatividade você consegue desenvolver para me colocar um apelidozinho.

- Dindondonzinha, vamos conversar!

- Você me chamou de quê?

- Dindondonzinha, ora. Se eu sou o seu Dindondonzinho você é minha Dindondonzinha.

- Ridículo! Patético! Insensível!

- O que é isso?

- Seus novos apelidos! Tchau! (E saiu batendo forte a porta).

Mais tarde, sentado e sozinho, pensei:

- Dindondonzinho? Muito musical!