terça-feira, 29 de novembro de 2011

Compra parcelada

É muito comum quando estamos em um relacionamento a divisão das contas, principalmente na atual sociedade em que as mulheres – por mais que gostem – não aceitam que os homens paguem a conta sozinhos.

- Você já pagou da última vez que saímos. Hoje a conta é minha!  - ela diz.

- Não, de jeito nenhum... Dá essa conta aqui!

- Quer sair de novo comigo? Então fica na tua! – setencia.

Diante de uma ameaça dessa, você fica mesmo.

E assim o relacionamento segue, até o dia em que ela resolve comprar algo parcelado em seu cartão de crédito, pois o limite do dela estourou – o que não é tão complicado.  E, é claro, você aceita.

- Não se preocupe, eu pago direitinho!

- Tudo bem, mas o que é?

- Um vestido florido. Não tenho nenhum!

Apesar de você saber que o guarda-roupas dela mais parece um jardim de tanto vestido florido que ela tem, acaba aceitando. Passa horas na loja e depois de experimentar treze vestidos ela vem estonteante.

- E aí?

- Você tá linda!

Vamos ao caixa, passo o meu cartão e compro aquele vestido em seis parcelas.

O que eu não esperava era que no final de semana seguinte o relacionamento que ia de vento em popa simplesmente naufragasse. Ela veio com uma história de que não gostava mais de mim, que a relação havia esfriado e que era chegada a hora de dar um basta naquilo. Eu até pensei em perguntar: “E o vestido? Você vai continuar pagando?”.

Mais do que a dor do fim do relacionamento era saber que a cada mês quando chegasse a fatura eu teria de olhar para a parcela do vestido e saber que era eu que teria de pagar. E outra: saber que quem tiraria o vestido dela não era eu! Ai, ai!

E agora, cobro ou não? 

Uma amiga minha passou pela mesma situação. E fazia questão de deixar a grana todo mês na casa do ex para honrar a dívida. Resultado: oito parcelas, oito recaídas. Final do parcelamento e ela me perguntou:

- E agora?

- De duas uma: ou você pede novamente o cartão dele emprestado novamente e continua esse relacionamento parcelado ou você encerra a conta de uma vez.

Ela não pediu mais nada emprestado e acabou aceitando a oferta de uma daquelas pessoas que fica oferecendo cartão de crédito no meio da rua. O meu problema persistia. O dia do vencimento já passou há mais de uma semana e até agora o silêncio é total. Até que tenho vontade de ligar e dizer:

- Bom dia! Sabe aquele vestido?

Mas tenho medo de uma reação do tipo!

- Você não quer nem saber se estou bem e só já vem falando de dinheiro. Por isso que nosso relacionamento não foi pra frente. Já disse que vou pagar. Insensível!

Neste caso fico com a bronca e com a dívida.

Mas também pode ser que ela responda.

- Desculpa! Você pode passar lá em casa e pegar o dinheiro? Sobe, a gente toma um café, conversa...

Neste caso eu continuo com a dívida, mas pelo menos com esperança.

Em um próximo relacionamento eu já sei o que fazer. Nada de compras parceladas.

- Mas eu queria tanto aquela sandália. E olha lá, a loja ainda parcela!

- Melhor comprarmos à vista!

- Tem certeza? Eu não tenho dinheiro! Me empresta teu cartão, o meu estourou o limite!

- Pode deixar. Te dou de presente!

- Meu bem, eu pago direitinho. Não se preocupe!

- Vai ser presente por você ser uma pessoa tão especial!

- Te amo, sabia? Tenho certeza que encontrei o homem da minha vida!

Neste caso você fica sem dívidas e com a certeza de que fez a coisa certa!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Amigos e adversários

Estava tudo indo bem demais. Logo que a vi pela primeira vez no trabalho, perguntei:
- Quem é?

-Funcionária nova do departamento.

- Sério? Qual departamento?

- O teu, ora!

Conversa daqui, apresenta de lá...

- Vamos almoçar para conversar melhor sobre como as coisas funcionam aqui?

Não sei se por receio do que eu poderia contar ou mesmo por empatia, logo ela aceitou. Aí veio um almoço, lanchinho no meio do expediente, jantar depois do expediente e...Até que um dia!

- Cara, preciso te contar uma coisa! – disse eu a um amigo de trabalho.

- É mesmo? Eu também! - respondeu cabisbaixo o meu melhor amigo.

Logo escondi minha empolgação e resolvi escutá-lo.

- Sabe a funcionária nova?

- Sim, a...

- A mesma! Pois é, ela anda mexendo muito comigo!

- Mas como assim? (Será que ela estava saindo com meu amigo também? Ah, aquela...)

- Eu a conheço há muitos anos e fomos namorados na adolescência. Terminamos o relacionamento, pois passei no vestibular em outro Estado e não seria justo eu querer ficar com ela, sem poder estar próximo dela, entende?

- Sim, mas isso é passado! (Fui logo tentando despistar pois não queria escutar o que estava por vir).

- Pior que não! Quando a vi naquele dia entrando no corredor, percebi que ela está mais presente que nunca. Sabe o tipo de pretérito imperfeito?

- Sei...

- Pois é! E agora? O que faço?

- Cara, como te disse! Isso é passado. Vive o teu presente, por isso o tempo que estamos vivendo agora tem esse nome: PRESENTE (filosofia é sempre bom para despistar).

- É que eu tenho o hábito de querer controlar muito o meu futuro... até que funciona. O problema é que, quando ele se torna o presente, mesmo saindo como o "planejado", já não parece tão legal.

- Mas é ótimo! Você é um cara bonito, bacana, todo mundo na empresa - e também fora dela - te adora. Por que ficar sofrendo por algo que já passou?

- Passou nada. Ontem tive a prova.

- O que aconteceu?

- Tomei coragem e liguei pra ela ontem. Disse que ela ainda mexia muito comigo e pedi uma nova chance para ela. Mas aí veio o direto de direita.

- O quê?

- Ela me disse que estava saindo com um cara aqui da empresa. Que os dois estavam se dando superbem...Aquilo me deu uma raiva! Uma vontade de quebrar a cara daquele...

- Sério? E diante disso, o que você vai fazer?

- Não sei. Só imagino como vai ser ruim vê-la com outra pessoa. Saber que a página virou, a fila andou, o bonde passou...

- Mas de repente isso pode até te ajudar a esquecê-la. Não acha?

- De jeito nenhum. Sabe aquele negócio de alma-gêmea? Tenho certeza que ela é a minha! Enfim... Desabafei!

Olhei para o meu amigo e percebi que sua fisionomia havia mudado completamente. Um sorriso largo foi se abrindo lentamente no seu rosto e quando olhei para trás era ela. Neste dia estava mais linda do que nunca. Tocou de leve no meu ombro e disse:

- Bom dia! (Excelente, pensei). 

Quando voltei meu olhar para meu amigo, percebi um semblante desconfiado.

- Por acaso você sabe com quem ela está saindo? - perguntou com um olhar desafiador.

- Nem desconfio!

- Certo, mas o que você ia me contar mesmo?

- Nada, esquece! Tenho reunião agora...

- Sei... Até mais, amigo!

- Valeu, (meu adversário - espero não ter pensado alto).