quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Amigos e adversários

Estava tudo indo bem demais. Logo que a vi pela primeira vez no trabalho, perguntei:
- Quem é?

-Funcionária nova do departamento.

- Sério? Qual departamento?

- O teu, ora!

Conversa daqui, apresenta de lá...

- Vamos almoçar para conversar melhor sobre como as coisas funcionam aqui?

Não sei se por receio do que eu poderia contar ou mesmo por empatia, logo ela aceitou. Aí veio um almoço, lanchinho no meio do expediente, jantar depois do expediente e...Até que um dia!

- Cara, preciso te contar uma coisa! – disse eu a um amigo de trabalho.

- É mesmo? Eu também! - respondeu cabisbaixo o meu melhor amigo.

Logo escondi minha empolgação e resolvi escutá-lo.

- Sabe a funcionária nova?

- Sim, a...

- A mesma! Pois é, ela anda mexendo muito comigo!

- Mas como assim? (Será que ela estava saindo com meu amigo também? Ah, aquela...)

- Eu a conheço há muitos anos e fomos namorados na adolescência. Terminamos o relacionamento, pois passei no vestibular em outro Estado e não seria justo eu querer ficar com ela, sem poder estar próximo dela, entende?

- Sim, mas isso é passado! (Fui logo tentando despistar pois não queria escutar o que estava por vir).

- Pior que não! Quando a vi naquele dia entrando no corredor, percebi que ela está mais presente que nunca. Sabe o tipo de pretérito imperfeito?

- Sei...

- Pois é! E agora? O que faço?

- Cara, como te disse! Isso é passado. Vive o teu presente, por isso o tempo que estamos vivendo agora tem esse nome: PRESENTE (filosofia é sempre bom para despistar).

- É que eu tenho o hábito de querer controlar muito o meu futuro... até que funciona. O problema é que, quando ele se torna o presente, mesmo saindo como o "planejado", já não parece tão legal.

- Mas é ótimo! Você é um cara bonito, bacana, todo mundo na empresa - e também fora dela - te adora. Por que ficar sofrendo por algo que já passou?

- Passou nada. Ontem tive a prova.

- O que aconteceu?

- Tomei coragem e liguei pra ela ontem. Disse que ela ainda mexia muito comigo e pedi uma nova chance para ela. Mas aí veio o direto de direita.

- O quê?

- Ela me disse que estava saindo com um cara aqui da empresa. Que os dois estavam se dando superbem...Aquilo me deu uma raiva! Uma vontade de quebrar a cara daquele...

- Sério? E diante disso, o que você vai fazer?

- Não sei. Só imagino como vai ser ruim vê-la com outra pessoa. Saber que a página virou, a fila andou, o bonde passou...

- Mas de repente isso pode até te ajudar a esquecê-la. Não acha?

- De jeito nenhum. Sabe aquele negócio de alma-gêmea? Tenho certeza que ela é a minha! Enfim... Desabafei!

Olhei para o meu amigo e percebi que sua fisionomia havia mudado completamente. Um sorriso largo foi se abrindo lentamente no seu rosto e quando olhei para trás era ela. Neste dia estava mais linda do que nunca. Tocou de leve no meu ombro e disse:

- Bom dia! (Excelente, pensei). 

Quando voltei meu olhar para meu amigo, percebi um semblante desconfiado.

- Por acaso você sabe com quem ela está saindo? - perguntou com um olhar desafiador.

- Nem desconfio!

- Certo, mas o que você ia me contar mesmo?

- Nada, esquece! Tenho reunião agora...

- Sei... Até mais, amigo!

- Valeu, (meu adversário - espero não ter pensado alto).

Um comentário:

  1. Um dilema ético, moral e sexual! Se bem que se envolver com colegas no trabalho é sempre nitroglicerina pura...

    ResponderExcluir