sábado, 25 de fevereiro de 2012

(Des) Lembranças de Carnaval

Se existe algo que mantém o cérebro colado ao crânio, eu tenho certeza que em mim este “algo” está com a data de validade vencida.  Que dor de cabeça é essa! Tento levantar e parece que havia algo solto dentro dela. Ai como dói!

Mas, não há nada tão ruim que não possa piorar. Onde é que estou? Como vim parar aqui? Não me lembro de ter colocado espelho no teto do meu quarto... Muito menos este aparelho de ar-condicionado... Espera, quem é essa pessoa do meu lado?

Calma, muita calma! Deixa eu pensar... Ai! Mas como vou conseguir raciocinar algo com meu cérebro descolado? O jeito é agir! Ela tá se mexendo...

- Bom dia!

- Bom dia! Ah?  Onde é que estou? Quem é você?

- Não se preocupe! Acabei de fazer as mesmas perguntas, só esperava que você as respondesse.

- Ora como não me preocupar: estou deitada nua em uma cama, num lugar que não sei e com um cara que não conheço.

- Não, mas com certeza a gente se conhece! Caso contrário não teríamos parado aqui, né?

- Sei lá! Não sei de nada! Peraí, você colocou alguma coisa na minha bebida. É isso! Está tudo explicado!

- Tá maluca? Como assim: “colocou algo na minha bebida”?  Não lembro sequer de ter bebido.

- Nem eu... E agora?

- Agora façamos o seguinte. Vamos nos vestir e tentar descobrir o que aconteceu. Refazer passo a passo.

- Isso mesmo! Boa idéia! Vá lá!

- Pra onde?

- Ora, se vestir!

- Tá doido? Vou bem deixar você me ver pelada!

- Mas estamos os dois debaixo deste lençol, nus, já devemos ter feito coisa muito pior (ou melhor)...

- Sim, podemos! Mas você não lembra. Definitivamente não vou sair debaixo deste lençol!

- Tá bom! Continuemos aqui! Vamos lá! Qual a última coisa que você lembra?

- Hum... Deixa eu ver! Estava em um bloco de Carnaval, quando um cara chegou pra mim e disse: quero descobrir a princesa que está por trás desta máscara!

- E você?

-  Tirei a máscara e ele disse: “Meu Deus! Não é uma princesa é a bruxa!” . Saiu correndo e rindo! Além de me dar uma cantada barata, ainda me xinga.

- Realmente...

- Como assim, “realmente”? Você me acha uma bruxa?

- Não, tô falado da cantada!

- Ah, bom!

- Você é muito bonita! Mesmo descabelada, acordando, com o rosto meio amassadinho... Uma princesa! Besta foi ele!

- Você acha?

- Claro, mas isto não nos coloca aqui!

- Claro que sim!

- Como? Não lembro absolutamente nada. E essa história que você contou, o cara não era eu.

- Mas não fosse ele, eu jamais teria recebido um elogio tão carinhoso assim logo de manhã. Acho que foi o destino que nos colocou aqui.

- Aham... Sei...

- Quer saber de uma coisa: pouco importa como viemos parar aqui. Pra mim interessa é que agora estou aqui com você. Por sinal, prazer sou a Letícia!

- Ah, beleza! Sou o ...

- Não me interessa quem você é! E mais, já que não lembramos do que fizemos, vou fazer algo para você nunca mais me esquecer.

- Tem certeza?

- Qual sua fantasia?

- Vem cá que eu te conto...

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