segunda-feira, 4 de abril de 2011

As lições da venda do Campo do América

Os campos de futebol de várzea são celeiros de talentos. Neles, as crianças dão os primeiros passos para se tornarem futuros craques. Os jovens podem – ou pelo menos deveriam – ser observados por “olheiros” e garimpados por grandes clubes.

Na várzea, joga-se de pés descalços, sem aquela preocupação com o calor, nem muito menos com a torcida. Lá joga o time com camisa contra os sem-camisa, os casados contra os solteiros, os bêbados contra os sóbrios, enfim. Aprende-se a driblar não somente os adversários, mas principalmente as dificuldades de um campo onde a grama é escassa ou simplesmente não existe. E quem joga bem em um campo de várzea em pouco tempo vira um craque em um gramado de futebol.

Resolvi tocar nesse tema após vir à tona a polêmica em torno do leilão do campo do América. O leilão já foi suspenso, tudo bem, mas bem que os gestores públicos poderiam aproveitar essa oportunidade e discutir com a sociedade de forma mais séria e profunda a criação de espaços de lazer e esporte para a nossa infância e juventude.

Seria bom se em cada bairro de Fortaleza houvesse equipamentos esportivos à disposição da população. Pista de cooper ou de skate, quadras poliesportivas, piscinas públicas, quadras de areia ou mesmo campos de futebol.  Os jovens utilizariam seu tempo ocioso não para beber em bar, ou cair na tentação das drogas, mas para praticar esportes. Nossas crianças e jovens seriam mais saudáveis, nossos adultos menos obesos e as pessoas da terceira idade condições de praticar esportes sem depender de academias particulares.

Não podemos nos esquecer que em 2016, o Rio de Janeiro será sede das Olimpíadas e seria vexatório para o país investir tanto em infraestrutura e esquecer de aplicar os recursos também na formação de atletas. Afinal, acredito que temos condições de ser um país olímpico e não simplesmente o local onde serão realizados os Jogos Olímpicos.

Por isso, espero que toda essa mobilização em torno do campo do América sirva de ponto de partida para que outros espaços para a prática esportiva surjam não apenas em Fortaleza como também em todo o interior do Estado.

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