segunda-feira, 4 de abril de 2011

Primeiro encontro

Lição número um quando for jantar pela primeira vez com uma pessoa pela qual está interessado: nunca a deixe escolher o local onde vocês vão comer.

Já que não sou muito de surpreender as mulheres, resolvi delegar a minha companheira a missão de escolher onde iríamos jantar. Não que seja intolerante a algum tipo de comida, mas a gente sempre fica meio receoso, pois de repente ela pode dizer: “Adoro comida mexicana, bem muito apimentada!”. Logo pra mim que não sou muito chegado à pimenta.

Mas não foi o caso.

- Boa noite, tudo bem?

- Tudo ótimo. Pra onde vamos?

- Você gosta de comida japonesa?

Depois de dois segundos de silêncio...

- Gosto.

Faz menos de um mês que resolvi experimentar a culinária oriental. E comecei mais por pressão dos outros do que por vontade própria. Nunca esqueço o dia em que todos na mesa comiam sushi e sashimis e eu me deliciava com uma sopa de feijão. “Sopa é coisa de velho”, dizia uma amiga mais próxima.

Mesmo temendo algo, resolvi encarar. E lá fomos nós. O nome do restaurante parecia ser mais assustador do que a comida que estava prestes a ser servida.

Chegamos, sentamos e antes que eu começasse a conversa ela me perguntou:

- Pra iniciar um tataki, tudo bem?

“O quê?”. Pensei eu!

- Tudo bem, adoro (apesar de não ter a menor noção do que estava prestes a ser servido).

O prato – na verdade era uma tigelinha – chegou e até que me surpreendi. Tava gostoso e até que consegui me entrosar logo com o hashi (aquele pauzinho com o qual os japoneses comem).

Conversa vai, conversa vem, e ela resolve pedir um tal de sunomomo.

“Que diabéisso?”. Pensei!

E lá fomos nós. Esse “sei lá o quê” desceu com mais dificuldade. Quem sabe com um pouco de catchup ou maionese teria ficado mais fácil.

- E agora, vamos pedir o quê?

Olhei no cardápio e não entendia absolutamente nada. Agenomo, Yakimono, Nabemono, Sashimi, Sushi, Inarizushi, Makizushi, Nigirizushi, Karaage, Shikasashi, Okonomiyaki, Gyudon. O que eu ia pedir se não sabia nem o que era?

- Pode escolher, confio em ti (nem tanto).

- Vamos de temaki, ok?

- Ótima escolha (espero)!

Veio um negócio com o formato de sorvete, mas passava longe do prazer de um. Era tão complicado de comer como difícil entender do que era feito. Enfim...

Ela comia com uma satisfação tão grande e com uma desenvoltura de quem estava há anos saboreando a culinária japonesa, enquanto eu estava louco para pedir uma colher já que o hashi começava a se vingar de mim.

- Adorei - disse ela - estava tudo maravilhoso! Você gostou?

- Sim - disse eu, enquanto mais uma vez um pedaço de peixe cru me escapava daquele maldito pauzinho! 

- Muito obrigado por tudo. Quando poderemos nos ver de novo?

- Quando você quiser.

- Pode ser na quinta?

- Claro, mas por que quinta?

- É o dia em que aquele restaurante tailandês oferece um prato delicioso.

-Ah, tá!

7 comentários:

  1. KKKKKKKKKK q situação... muito bom!!!
    Eu passaria pelo mesmo sufoco e todos os estranhamentos.... não tenho menor familiaridade com a culinária oriental...
    Bem que a escolha da quinta-feira poderia ser uma homenagem ao nosso tradicional caranguejo, pelo menos! rsrsrs... Valeu, camarada! Parabéns! Continue nos brindando com a partilha dos seus textos. Abraço!

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  2. Eltim, me abri de rir aqui ó! só imaginando as cenas. Mas diferente de vc, eu adoro a culinária japonesa! (será coisa de mulherzinha?) Uma dica pra culinária tailandesa: pegue leve na pimenta e abra sua mente para as combinações agridoces (eles cosumam misturar peixe com manga, camamrão com abacate, por aí vai). No mais desejo longa vida ao blog! já virei seguidora! bjs!

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  3. Muito bom. Nada como uma comida oriental para iniciar um relacionamento!!!

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  4. Talvez agora seja a sua vez! Chame ela para o Mercado São Sebastião, provar uma buchada ou uma panelada.

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  5. Sopa de feijão é coisa de velho!

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  6. Conheço essa pessoa. E posso garantir que ela também come buchada e panelada!

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  7. Elton, meu querido, saudades de você. Arrumamos então um cantinho para nós encontrar, né não? Agora, rapaz, jornalista é uma desgraça!!!!!! (brincadeirinha). Não bastasse tanto trabalho que a gente tem, ainda arrumamos um jeito de escrever, escrever, escrever... Nã!!!!!!!!!!!

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