segunda-feira, 4 de abril de 2011

Violência se combate com giz ou com porrete e armas?

Tá bom, comandante-geral do Ronda do Quarteirão, Werisleik Matias,  o trágico episódio que vitimou o adolescente Bruce Cristian reflete o despreparo do policial Yuri Silveira, autor do disparo, e não da Polícia. Mas quem foi mesmo que colocou esse policial despreparado nas ruas?

O acusado tem 25 anos e estava no Programa Ronda do Quarteirão desde 2007. Ou seja, em três anos nas ruas, esse camarada não havia descoberto ainda como manusear uma arma a ponto de ela ser apontada em direção a um suspeito, sabe-se lá de que forma, e ser disparada “acidentalmente”?

Sei que vários questionamentos serão feitos sobre a formação dos policiais – o que já era patente desde as primeiras “barbeiragens” cometidas pelos jovens que assumiam os volantes dos 4X4. Mas quero refletir sobre as ações que são feitas pelos gestores públicos não para garantir segurança, saúde e educação para os cidadãos, mas para angariar votos.

Afinal, por que as pessoas votariam em um candidato que não comprou uma viatura nova, não construiu uma escola ou hospital? Investir nos servidores públicos é o que menos interessa. O que importa são ações midiáticas. Para que eu vou investir na formação de um policial por dois ou três anos, se eu posso chamar toda a imprensa para o pátio do meu palácio e mostrar as novas e possantes viaturas que irão equipar a Polícia? Investir em inteligência por quê? O que me interessa é colocar armas sofisticadas nas mãos de policiais que sequer sabem manusear uma serra de cortar pão.

E mais, isso me traz voto. É assim que pensam os nossos gestores.Mais do que lançar um programa de segurança comunitária e encher as ruas de policiais, os gestores poderiam ter investido mais em qualificação e mesmo em remuneração. Afinal, o que temos assistido é o nascimento de uma polícia que se corrompe muitas vezes por um cafezinho no boteco do Seu João. Você me garante a merenda que eu passo mais vezes em frente ao seu ponto. Ou não é assim que acontece?

Nossos gestores podem até negar, mas contra os fatos não há argumentos. Muitos inauguram postos de saúde ou hospitais que sequer contam com médicos para atender os cidadãos. A população não reclama da falta de hospital, mas da ausência de profissionais de saúde. Se estes recebessem a valorização necessária, os postos poderiam até não ter a estrutura adequada, mas o atendimento seria com certeza bem melhor. No entanto, prédio traz voto, valorizar os profissionais não.

Você sinceramente acha que é mais vantagem para um candidato dizer que inaugurou trinta escolas ou que capacitou professores? Pouco importa se o aluno está aprendendo ou não. O que me interessa é que a escola é linda e está localizada em uma comunidade carente. Afinal, construir escolas dá voto, já cidadãos conscientes vão pensar duas vezes antes de votar.

Enquanto nossos gestores pensarem em ganhar eleições e não em resolverem os problemas cotidianos de nossa população vamos ficar assistindo a tragédias como a que ceifou a vida do adolescente Bruce. Vamos continuar combatendo a violência não com giz, mas com porrete e armas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário